O setor industrial representa 25% do PIB brasileiro, de acordo com os dados do Portal da Indústria e movimenta bilhões de reais por ano, conforme as estatísticas do IBGE.
E embora esse crescimento aconteça por conta de maiores demandas por produtos, ele tem a ver também com o aperfeiçoamento de processos de produção.
Conforme os anos foram se passando, novos padrões foram sendo incorporados nas indústrias, as quais foram impulsionadas a transformar suas práticas e seus métodos.
Para isso encontraram um caminho inteligente para fazer esta transformação acontecer: desenvolvendo projetos de melhoria.
Portanto, neste artigo, você irá conhecer um pouco mais sobre este tipo específico de projeto e irá aprender a desenvolver um do zero, seguindo estes passos:
Você já deve ter ouvido falar de projetos de melhoria, mas talvez você não parou para pensar em tudo o que ele significa para uma organização.
No senso comum, quando se fala em projetos, tem-se a percepção de que isso se refere a algum trabalho executado por engenheiros, projetistas, desenvolvedores de softwares e apps, etc.
E embora, muitos projetos sejam executados por esses profissionais, o que ele significa vai além de simplesmente desenhos, programas e layouts modificados.
Esse tipo de projeto significa a geração de transformação positiva na forma como as coisas são feitas em um ambiente.
Para definir o conceito de Projeto de Melhoria de Processos, de forma abrangente e ao mesmo tempo resumida, eu irei listar alguns tópicos relacionados a ele:
Dessa forma, você pode perceber que Projetos de Melhoria não são apenas aplicáveis na realidade das indústrias, mas também em escritórios de gestão, hospitais, construção civil, restaurantes, entre muitos outros.
Porém, neste artigo eu vou abordar o projeto voltado para o ramo industrial, já que esse setor é um dos mais importantes no contexto brasileiro.
Confira o KIT de gerenciamento de projetos , um tema que vem crescendo a cada dia e o domínio dessa arte vem se tornando cada vez mais necessário no mercado de trabalho.
Sendo assim, se você é gestor, engenheiro, gerente ou qualquer profissional que seja responsável pelo planejamento, execução ou controle de uma série de atividades que se relacionam precisa de ferramentas e métodos para gerenciar projetos com eficiência para alcançar o objetivo planejado.
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Uma indústria tem basicamente uma lógica de funcionamento, que pode ser visualizada por meio da ferramenta SIPOC, embora ela seja utilizada também para melhoria de processos.
SIPOC é uma ferramenta que mapeia processos, onde cada letra da sigla significa um ponto do processo:
No contexto de uma indústria, o SIPOC de uma fábrica funcionaria da seguinte forma:
Exemplo: Em uma indústria de automóveis, os fornecedores podem ser distribuidores de peças metálicas e componentes de fixação, fabricantes de tintas pó e líquida, entre outros;
Exemplo: Chapas metálicas, tintas, produtos químicos, parafusos, porcas, rebites, pneus, etc;
Exemplo: A fabricação da estrutura do automóvel, envolvendo soldas, cortes, dobras, uniões ou a pintura por imersão da estrutura com as demais partes já montadas.
Exemplo: O automóvel em questão.
Exemplo: O cliente que compra o automóvel em uma revenda ou que busca o automóvel comprado direto da fábrica.
Logo, para encontrar melhorias em uma indústria, você precisa ir até o local onde cada etapa acontece (Gemba) e analisar os problemas recorrentes.
De forma mais clara, usando o exemplo acima, imagine que a fábrica está com problema de chapas metálicas vindo com especificação incorreta.
Nesse caso, o problema inicia na etapa inicial, ou seja, o fornecedor está com algum problema no seu processo.
Assim, você deve procurar pela causa que faz com que essa especificação esteja vindo de forma errônea e atuar sobre ela para eliminar esse erro.
Agora que você já entendeu que um Projeto de Melhoria é mais do que apenas um desenho ou alteração de layout e aprendeu como encontrar oportunidades para melhorar processos, eu quero te mostrar como estruturar um projeto para um processo industrial.
Um Projeto de Melhoria tem basicamente estas características:
Se trata da visualização, compreensão e conclusão de como o processo funciona no chão de fábrica.
Esta fase é a primeira em um projeto de melhoria, pois é através dela que são evidenciadas as falhas que precisam ser eliminadas.
Algumas ferramentas que são utilizadas para esse tipo de análise são: Fluxograma e Mapeamento da Cadeia de Valor (VSM).
Mas a principal delas é a observação no lugar real (Gemba), ou seja, ir até onde as coisas acontecem, observar, questionar, anotar e entender como tudo funciona.
Grave isso se você quer iniciar seus projetos de melhoria: nada substitui uma boa e simples observação das coisas.
Nesta fase, você começa a analisar o problema em si e foca nele, pois já passou da fase de entender como tudo funciona.
Agora é o momento de verificar em qual ponto do processo, existe o “abacaxi” ou o “brete” que precisa ser resolvido. Talvez seja uma falha humana, um “bug” na máquina, uma questão de cultura organizacional, uma ferramenta inadequada ou até mesmo um layout mal elaborado da linha de produção.
Aqui você pode fazer o uso de algumas ferramentas como: Diagrama de Pareto e a Árvore de Falhas.
E ainda por cima, questionar as pessoas que trabalham no processo sobre a falha e também perguntar aos líderes dos principais setores impactados pelo erro.
Agora que você mapeou a falha ou as falhas do processo, você deve analisar a causa raiz da falha, já que de nada adianta você resolver um problema que pode aparecer novamente ao longo dos dias.
Muitos negócios industriais tem aversão por esse tipo de abordagem, pois pensam apenas em soluções rápidas para não pararem de produzir.
Contudo, são negócios que normalmente, vivem “apagando incêndios”, pelo fato de que sem eliminar a causa raiz, o problema continua com potencial alto de nascer de novo e de novo.
Portanto, procure a causa principal, que por incrível que pareça, pode ser um problema simples de resolver e de baixo investimento.
Para isso, faça uso de ferramentas como: Diagrama de Ishikawa ou Causa e Efeito e os 5 Porquês.
Aqui, você pode reunir a equipe, as pessoas da linha de produção, os líderes, quanto mais ideias surgirem melhor é.
Você precisa fazer realmente um Brainstorm de Ideias, antes de iniciar o projeto da solução.
Também, você deve fazer o uso de softwares especiais para criar o modelo da solução, fazer as simulações e gerar insights matemáticos do projeto. Alguns softwares utilizados são: AutoCad, Inventor, Solidworks, MatLab e outros.
Lembrando que o projeto da solução não se limita a um protótipo físico, ele pode ser uma alteração no programa da máquina, a aplicação de um software, etc.
Após ter a solução modelada e desenhada, é a hora de fabricar o protótipo e inserir no processo. É imprescindível a fabricação do protótipo para a fase de testes que irei te mostrar em seguida.
Com o projeto das possíveis soluções modeladas, simuladas e estruturadas, então você leva para a liderança analisar cada proposta.
Interessante nesta etapa, você esclarecer quaisquer dúvidas que surgirem e apresentar de forma clara e assertiva, porque o processo é problemático e porque a solução desenhada é necessária.
Uma forma de fazer isso, é estruturando um documento que faz a comparação dos custos atuais do processo, com os custos do processo modificado pela melhoria.
Assim, a liderança terá dados comprobatórios, que atestam que sua melhoria realmente será uma inovação ou um diferencial para a fábrica.
Lembra que no tópico do desenvolvimento falei sobre como a fabricação do protótipo é importante? Pois então, na fase de testes é que você irá precisar dele.
Não há como mudar o processo sem antes testar, testar e testar no chão de fábrica!
É importante que você estabeleça objetivos e metas para o teste, como por exemplo: a linha deve apresentar menos paradas ou a montagem deve ficar mais rápida ou o produto precisa vir mais vezes com um acabamento impecável.
Insira a solução no processo e teste por períodos que você entende que são o mínimo necessário, para causar um impacto maior que o atual.
O teste foi realizado? Sim?! Quais os resultados que ele apresentou? Como a solução impactou o indicador em questão, no período que você estabeleceu?
Qualidade, produtividade, redução de custo, velocidade, facilidade, todos estes são indicadores que podem mostrar o impacto da sua solução.
Alguns exemplos usados no setor industrial são: OEE (Overall Equipment Effectiveness, Six Sigma (percentual de falhas), Produtividade, Tempo de Montagem por Pessoa, Peças/Hora, entre outros.
Veja, analise, faça observações e comparações, com o intuito de certificar que sua solução deu certo.
Se caso, a solução não impactar o indicador de forma positiva, isso não significa que você deve desanimar e interromper o projeto, mas procurar entender o que precisa ser aperfeiçoado nele.
Se a solução desenvolvida apresentou resultados positivos, se o indicador em questão foi potencialmente impactado, se houve melhora no processo, então você aplica para “sempre” a modificação.
Ou seja, você ratifica o novo processo e informa a todos que o processo sofreu alteração e não irá funcionar mais da mesma forma como funcionava.
Agora, uma nova forma de trabalho surge, as pessoas envolvidas precisam ser treinadas para cooperar e o periodicamente o processo deve ser monitorado, para que mais melhorias possam ser aplicadas.
Com isso, você tem o seu primeiro projeto de melhoria aplicado em um processo, o que transforma sua carreira profissional ou o seu business pelo resto da vida.
DMAIC é uma metodologia para criação de projetos de melhoria em processos, usada em larga escala no setor industrial e por engenheiros especialistas em melhorias (os Belts).
E talvez, você ainda não tenha parado para se perguntar: o que acontece, quando se une a estrutura de um projeto de melhoria (como a apresentada acima) com o método DMAIC?
Minha resposta é: você abre mão de soluções momentâneas e ganha uma percepção mais aprofundada para implantar soluções realmente efetivas.
O DMAIC tem basicamente a mesma lógica do SIPOC discorrido no início desse artigo, ou seja, cada letra da sigla se refere a uma fase distinta, onde:
Unindo essa ferramenta com a estrutura de um projeto, você tem um fluxo de ações organizado e dinâmico, já que você não pode ir para outra etapa sem terminar a anterior.
Nada de pegar atalhos!
Indo para a parte prática, em um projeto de melhoria com o DMAIC, a sua estrutura ficaria da seguinte forma:
Perceba que estruturar um projeto dentro do DMAIC o torna mais organizado, já que você tem macro etapas que são desmembradas em etapas menores e dessa forma consegue trabalhar cada uma eficazmente.
Por isso, utilizar a ferramenta DMAIC torna o desenvolvimento do projeto eficiente, ou seja, vai além de simplesmente fazer o trabalho ser correto.
E embora eu tenha resumido a estrutura usando essa metodologia, é possível encontrar uma explicação mais aprofundada nesse outro artigo: Método DMAIC.
Projetos de Melhoria de Processos, inclusive quando se trata de processos industriais, só podem ser realmente eficazes, se estruturados dentro das metodologias desenvolvidas para eles.
Não é de se admirar que a medida em que fui discorrendo sobre os tópicos, eu listei diversas ferramentas e até separei uma parte só para falar do DMAIC, que é uma delas.
As principais metodologias usadas atualmente em processos da indústria são:
Alguns resultados que podem ser obtidos com o Lean são: redução de tempo de processo, padronização de tarefas, eliminação de desperdícios, prevenção de falhas, qualidade contínua e rapidez na entrega de produtos.
É comum presenciar o uso de ferramentas como DMAIC e a Folha A3, em projetos com Six Sigma.
Em projetos com Gestão Lean, algumas das principais ferramentas utilizadas são o PDCA, o 5S e o Ciclo Kaizen.;
Entre os principais benefícios desse método estão: eliminação de paradas, redução de custos e aumento de OEE.
Algumas vantagens do uso do SCRUM são: organização de tarefas dinâmicas, qualidade de entrega de projetos e retorno sobre investimento.
Você, ao começar a leitura desse artigo, talvez não conseguisse enxergar a importância real dos projetos de melhoria como agora.
E esse é o meu intuito: que você tenha seu mindset aberto para a melhoria contínua e comece a aplicar ela no seu dia a dia, de uma forma totalmente prática, seja com a profissão que você exerce, seja na sua vida pessoal ou nos seus negócios.
A prática de criação de projetos de melhoria leva ao surgimento de novas ideias e capacidade de aproveitar oportunidades.
Existem muitas oportunidades no mercado e poucas pessoas realmente preparadas para aproveitá-las. Muita demanda e pouca geração de valor.
Diversos desafios vêm surgindo nos processos de produção e quem sabe você ou o seu negócio, será o instrumento para assumi-los e resolvê-los.
Pois, o desenvolvimento de melhorias é o diferencial que separa profissionais e empresas comuns, daquelas que realmente causam um impacto disruptivo e inovador na sociedade.
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Técnico em Mecatrônica e estudante de Engenharia de Produção, com mais de 10 anos de experiência nas áreas Industrial, Metalúrgica e de Engenharia, atuando no desenvolvimento de produtos, projeto 3D, desenho técnico, melhoria de processos industriais e gestão da qualidade.
Já desenvolveu melhorias para a indústria, as quais tiveram como resultado a redução de custos e o aumento de lucratividade, na faixa dos milhões de reais por ano.
Atualmente presta serviços de projeto e consultoria, para diversas áreas.
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