Você já vivenciou alguma situação em que todos os locais que vendem um produto aumentam em conjunto esse bem? É comum que essa prática seja vista em postos de gasolina, por exemplo. No entanto, ela se chama cartel e é ilegal!
Atualmente, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) monitora o mercado a fim de averiguar práticas de cartel. Por ser um membro do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC), ele possui poderes para aplicar as devidas punições.
De maneira geral, as sentenças aos envolvidos são entre 2 e 5 anos de prisão, podendo ser aumentada em até 50 para setores fundamentais, como saúde e segurança. Além disso, cobra-se uma multa de 30% sobre os lucros da companhia.
Quer entender mais a fundo como funciona o cartel? Confira a seguir!
A formação de cartel é um acordo entre empresas que buscam controlar determinado mercado. Isso é feito através da fixação de preços entre companhias que formam uma parceria para inibir a atuação de possíveis concorrentes.
Para alcançar esse objetivo, a prática de cartel utiliza algumas abordagens, como:
O cartel é ilegal porque prejudica os consumidores, fazendo com que os mesmos se tornem reféns da manipulação do mercado e, por isso, acabam arcando com preços mais elevados ou até mesmo redução da qualidade dos produtos e serviços.
Logo, podemos afirmar que o cartel retira o poder de escolha dos consumidores.
Afinal, o grupo de empresas participantes passa a ter domínio de um mercado específico. Todas as decisões impactam diretamente no dia a dia dos consumidores.
Muitas pessoas podem imaginar que os princípios de um cartel se assemelham com a instituição de um monopólio. Já adiantamos que esse pensamento está errado, pois cartel e monopólio são distintos!
O monopólio envolve uma única empresa controlando completamente um mercado, já o cartel envolve várias empresas colaborando para limitar a concorrência e aumentar seus próprios lucros.
Ambos os conceitos são vistos negativamente na maioria das economias de mercado devido aos seus efeitos prejudiciais na concorrência e no bem-estar dos consumidores.
Como você já deve imaginar, a cartelização é uma prática não muito fácil de se implementar em mercados muito competitivos. Afinal, ela exige o alinhamento de estratégias de todas, ou pelo menos da grande maioria, das empresas que atuam no mercado específico.
Mas para deixar mais claro, vamos pensar em uma das situações mais comuns: postos de gasolina em cidades pequenas.
No cenário hipotético, os proprietários desses estabelecimentos passam a combinar preços, limitando a concorrência de alguma empresa concorrente e manipulando a oferta e procura.
Com isso, todos os postos da cidade passam a praticar o mesmo valor, sendo esse maior do que o valor considerado justo. Os habitantes passam a não ter opção e acabam abastecendo os seus carros mesmo a preços abusivos, com aumentos muito além da inflação.
Sendo assim, os lucrospassam a ser cada vez maiores. Afinal, o mercado passa a ser comandado apenas por uma estratégia, apesar de a mesma ser seguida por diversas empresas.
Inclusive, essa estratégia pode variar, não sendo somente de preço. Imagine produtores de álcool em gel que poderiam decidir diminuir a produção para cobrarem mais caro com a tática da escassez durante a pandemia, por exemplo.
Agora que você entendeu os princípios que regem a cartelização, é hora de descobrir os seus efeitos no mercado. Vamos lá?
Os efeitos do cartel são prejudiciais para a economia em geral, sendo considerado como um crime contra a ordem econômica. Dentre os efeitos dessa prática para os mais diversos âmbitos, podemos citar os mais relevantes:
Quer conhecer os grandes casos de cartel no Brasil? Confira a seguir!
No Brasil, ocorreram casos marcantes de formação de cartel. As situações foram em diversos setores diferentes. Separamos os principais para você conferir!
Em 2017, duas empresas relevantes no segmento de fornecimento de gás foram acusadas e condenadas pela prática de cartel. A Ultragaz e a Liquigás foram obrigadas a arcar com uma multa de mais de R$60 milhões.
Esse é um caso prático em que o cartel ocorreu com a parceria de empresas de grande porte, muito relevantes no setor em que atuam.
Já em 2017, o CADE condenou 11 empresas e 42 pessoas físicas pela cartelização em licitações públicas de trens e metrôs. As companhias envolvidas combinaram o preço praticado em mais de 25 projetos em diversos estados do país. São elas:
Como consequência, a multa chegou a R$515,59 milhões para as empresas. As pessoas também receberam as respectivas penas cabíveis.
Um dos casos mais recentes foi descoberto em 2021. Também envolvendo fraudes para concorrer a licitações, o setor afetado dessa vez foi o de merendas escolares.
O processo condenou 7 empresas a pagarem multa de R$340,8 milhões. Além disso, as companhias perderam o direito de participar de novas licitações dentro do estado de São Paulo.
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Thiago é engenheiro de produção, pós-graduado em estatística e mestre em administração pela UFJF. Especialista Black Belt em Lean Six Sigma, trabalhou na Votorantim Metais e MRS Logística, onde foi gestor e especialista em melhoria contínua. Com certificações MOS® e Auditor Lead Assessor ISO 9001, atuou em projetos de consultoria e ministrou treinamentos e palestras em congressos como ENEGEP e Six Sigma Brasil. Professor nas áreas de Gestão e Empreendedorismo, é fundador do Grupo Voitto e mentor de empresas, dedicando-se à liderança executiva da Voitto, com a visão de torná-la a maior escola online de gestão do Brasil.
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