A comunicação não-violenta (CNV) é um método de comunicação criado por Marshall Rosenberg. Ela visa promover a compreensão e a empatia entre as pessoas, enfatizando a honestidade e a expressão de necessidades sem recorrer a críticas, julgamentos ou violência verbal.
Praticar a comunicação não-violenta pode mudar o modo como você se relaciona com as outras pessoas, seja no ambiente profissional ou nos seus relacionamentos pessoais.
Provavelmente você já passou por alguma situação em que se sentiu frustrado após um diálogo em que ouviu algo parecido com “você sempre chega atrasado” ou “você nunca me dá atenção”. Isso é bem comum, não é mesmo?
Mas, como mudar essas situações? Como não se sentir frustrado após ouvir uma inverdade? Como reagir perante situações como essas? E mais importante ainda: como não ser o propagador de conversas passivo-agressivas?
A resposta para essas perguntas está na comunicação não-violenta. Mas, afinal, o que é e como desenvolver uma comunicação não-violenta? É o que vamos descobrir ao longo deste artigo. Acompanhe os tópicos abaixo:
A comunicação não-violenta (CNV) é uma ferramenta de comunicação que utiliza técnicas de comunicação para que possamos nos expressar de forma empática, de modo que os nossos sentimentos e necessidades sejam atendidos.
Sua abordagem teve início nos anos 60 quando Marshall Rosenberg, autor do livro Comunicação Não-Violenta, atuou como orientador educacional em instituições de ensino que eliminavam a segregação.
Segundo Marshall, a CNV é “uma forma de comunicação que nos leva a nos entregarmos de coração”. Ela nos faz repensar a maneira como nos expressamos e como ouvimos o outro.
Seu objetivo, segundo Rosenberg, é: “Estabelecer um relacionamento baseado na sinceridade e na empatia e satisfazer as necessidades de todos.”
Além disso, para que a comunicação não-violenta seja praticada é preciso conhecer os seus principais componentes:
Vamos entender mais sobre cada um desses princípios?
A comunicação não-violenta possui quatro pilares que nos levam a receber com empatia o que o outro está tentando nos transmitir. Vamos ver um exemplo de diálogo no qual esses componentes não foram observados:
Imagine que você saiu atrasado de casa para o trabalho porque ficou até tarde terminando uma apresentação que teria que ser feita em uma reunião da empresa no dia seguinte.
Por conta disso, você perdeu o ônibus e teve que pedir um Uber que errou a rota e cancelou a viagem, fazendo com que você tivesse que chamar outro motorista.
Por fim, você consegue chegar ao trabalho dez minutos atrasado para a reunião e a primeira coisa que o seu chefe diz é: “Você sempre chega atrasado! Todos estão te esperando para começar a reunião!”
Bem, imagino que você não ficaria feliz em ouvir isso, não é mesmo?
Claramente houve um erro de comunicação e isso ocorre com uma certa frequência em nosso cotidiano, seja no ambiente profissional ou nos relacionamentos pessoais.
Muitas vezes nós não expressamos o que realmente estamos sentindo, ou seja, a real necessidade que temos por trás de uma fala. Isso ocorre porque temos medo de nos expor e de demonstrar as nossas fraquezas para os outros.
E, para que isso não ocorra e a mensagem seja entregue, é necessário que a conexão não seja interrompida. Por isso há a necessidade de conhecer os principais pilares da comunicação não-violenta. São eles:
É sempre importante começar uma conversa observando os fatos, sem os nossos julgamentos e percepções. Para ilustrar, podemos voltar no exemplo.
Quando o colaborador chega na empresa atrasado, o ideal seria que o seu chefe perguntasse o que realmente aconteceu e não fizesse uma generalização.
Ele poderia ter dito: “Você chegou atrasado para a nossa reunião e sabe como é importante esse projeto para a empresa. Aconteceu alguma coisa?”
Seria uma possibilidade de diálogo, no qual ele estaria falando o que realmente aconteceu e dando espaço para que o profissional se explicasse.
Os sentimentos são gerados a partir de uma associação mental das nossas emoções. Essa associação é feita com base no nosso repertório, crenças, valores e experiências de vida.
É importante ter em mente que por trás dos nossos sentimentos existe uma necessidade não atendida. E nós temos a tendência de responsabilizar os outros pelo o que sentimos.
Para que isso não aconteça, é necessário entendermos qual é a causa dos nossos sentimentos, que está relacionado com uma necessidade, seja ela nossa ou dos outros, e o que é estímulo, um fator externo.
Voltando ao nosso exemplo, podemos identificar que um dos sentimentos que estava por trás da fala do chefe era o medo do colaborador não chegar a tempo e a reunião ser prejudicada.
Segundo Marshall Rosenberg: “Por trás de todo comportamento existe uma necessidade”.
A partir dessa frase podemos concluir que é preciso externalizar quais necessidades estamos buscando suprir em um diálogo, para que você possa ser melhor compreendido.
Muitas pessoas acham que não precisam falar sobre as suas necessidades, porque se o outro realmente o conhece deveria saber o que se passa em seu interior. Porém, isso é um mito!
Nós precisamos entender as nossas necessidades e as dos outros e nos importar com elas. Quando reconhecemos as necessidades, conseguimos pensar em diversas soluções para elas.
Para se fazer um pedido é necessário o autoconhecimento. Temos que ser específicos para que o outro possa entender o que de fato precisamos.
Quando você pede se torna vulnerável, pois pode receber um “sim” ou um “não”. E o medo de ouvir uma resposta negativa faz com que ao invés de fazermos pedidos, acabamos por exigir algo do outro.
Após conhecer os quatro pilares da comunicação não-violenta, podemos reformular a fala do chefe:
“Você chegou atrasado para a nossa reunião e sabe como é importante esse relatório para a empresa (observação). Aconteceu alguma coisa? Fiquei com medo de você não chegar a tempo e ter que cancelar a reunião (sentimento). A pontualidade em uma reunião importante como essa é um fator decisivo (necessidade). Da próxima vez, você pode se esforçar mais para chegar no horário? (pedido).”
Viu como o diálogo mudou? E, principalmente, como agora há um espaço para a comunicação? Esse é um exemplo no qual os sentimentos e necessidades foram explicitados. Desse modo, há uma facilitação da comunicação.
A seguir, vamos entender como podemos aplicar essas técnicas no ambiente colaborativo.
O ambiente corporativo de muitas empresas acaba criando um sentimento de competitividade entre os colaboradores. Assim, quando alguém comete um erro, sempre buscamos um culpado, o que gera entre os membros da equipe o medo de errar.
Tal ambiente acaba corroborando para que os colaboradores não consigam manter a saúde mental no ambiente de trabalho.
A comunicação não-violenta pode ajudar para que isso não ocorra, a partir do momento que se cria um espaço para que as pessoas se expressem e que isso seja estimulado, seja através de workshops ou criando realmente uma cultura organizacionalque contribua para que isso aconteça.
Agora que você já sabe como aplicar a CNV na sua organização, vamos entender porque as falhas de comunicação acontecem com frequência. Existem alguns empecilhos para que a CNV seja efetiva e vamos conhecer quais são eles.
Existem algumas formas de nos comunicarmos que impedem que o nosso estado compassivo natural seja demonstrado. Essa forma de comunicação foi denominada por Marshall como “Comunicação alienante da vidaComunicação alienante da vida” e os motivos que a causam são:
SegundoMarshall Rosenberg“analisar os outros é, na realidade, uma expressão de nossas necessidades e valores.”
Quando ouvimos os outros com um senso de criticidade, julgando a situação segundo os nossos valores, estamos fazendo um julgamento moralizador do outro. Culpar, insultar, depreciar, entre outras formas de julgamento, não nos ajudam na comunicação.
Fazer comparações é uma forma de julgar o outro. Quando decidimos utilizar dessa prática, anulamos a nossa compaixão, o que nos impede de criar uma conexão com a pessoa com quem estamos dialogando.
Nós precisamos estar conscientes que somos responsáveis pelos nossos pensamentos, sentimentos e pelos nossos atos. Tentar transferir isso para alguém ou para algum fato não resolve a nossa necessidade.
Além de tudo o que já conversamos até aqui, existe um elemento essencial para que a comunicação não-violenta ocorra. A empatia. E é sobre como ela faz parte das técnicas para aprimorar relacionamentos a partir da CNV que vamos entender agora.
A comunicação não-violenta se baseia em dois outros princípios, sendo eles:
Mas, como saber se estamos recebendo a mensagem de forma empática?
Segundo Otto Scharmer, em sua teoria do U, existem quatro níveis de escuta, sendo eles downloading, factual, empática e generativa.
Assim, para que a comunicação não-violenta seja efetiva, é preciso ouvir com “vontade aberta”. Nesse nível você já se desfez dos seus pré-julgamentos e opiniões e está completamente aberto a ouvir o que o outro tem a dizer.
Quando falamos de “conectar com o futuro emergente”, significa que estamos dispostos a tudo o que a pessoa pode vir a falar como expressão do que ela está sentindo no momento.
E agora, como começar a desenvolver e aplicar tudo o que aprendemos até aqui?
Com certeza você já se viu em situações onde suas palavras causaram mal entendidos, conflitos e desentendimentos. Ou, como viu em nosso artigo, já sofreu com as falas de outras pessoas para você.
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Grad. em Engenharia Civil pela Universidade federal de Juiz de Fora. Participou de iniciação científica nas áreas de ambiente construído e transportes. Atua como voluntária no projeto de treinamento profissional no Núcleo de Estudos e Projetos em Educação e Tecnologia. Possui certificação em Inteligência Emocional, Formação Yellow Belt em Lean Seis Sigma, Fundamentos de Growth Hacking, Agile Scrum Foundation EXIN, Produção de Conteúdo Web, Marketing de Conteúdo e Copywriting. Especialista na produção de conteúdo na área de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Voitto.
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